chovia em alguma parte...


chovia em alguma parte perto de ti. ventava quente nas velhas ruas que me estavam perto. ao ser tocada pelo vento enquanto o sol tecia seu verso diário de despedida lembrei-me do teu sorriso. sorriso que faz minha pele arder de desejo... numa necessidade pelo toque. pelo olhar. pela entrega.

um esboço de noite pinta por entre as serras. 
vou-me para dentro. 
o relógio amaina o tempo. 
flutua. 

aqui, silêncios. 
meus. 

uma olhadela pela janela e o amarelo fraco ainda está no dossel da árvore. 
as crianças ainda brincam com a pipa. ela ondula e mergulha no céu farfalhando o vento, abismando movimentos rebeldes. tenta se libertar do pendulo inverso. lembrei-me das pipas que eu fazia também criança. de como também margeava a rua. mapeava o céu. pouco a pouco amando o azul mais. 

a casa da frente está fechada. 
não viu a luz do sol hoje. 
o livro que levei para fora é do gauche. mais uma rosa desfolha-se em palavras. 
...
tenho vontade de te escrever. tenho vontade de estar em outro lugar mesmo amando tanto este aqui. 

quero urgentemente rever o sol na tez da tua pele e nos teus olhos 
sentir crepuscular orvalhos no teu corpo enquanto nos amamos e o tempo amaina
por direito nosso 
(até mesmo enferrujar ele pode).

no mais diminuto instante pode existir uma eternidade, você não acha? assistiremos mais uma embevecida deusa-chuva de inverno e mais embevecido ainda será meu beijo. 

mais uma fuga. nossa.

eu deliro e versejo. 
você é minha saudade mal-educada. 
me invade sem pedir licença.


2018. um dia de saudade.


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