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Mostrando postagens de abril, 2016

O barro de que somos feitos.

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Nas minhas veias, pessoas, memórias, tempos, espaços. “Um ser humano propõe a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos, povoa um espaço com imagens de províncias, de remos, de montanhas, de naves, de ilhas, de habitações, de instrumentos, de pessoas. Pouco antes de morrer, analisa o labirinto de linhas desenhadas e vê, surpreso, a imagem do teu rosto." – Borges Naquelas noites, os rituais mudavam.  O chapéu de palha estava molhado. O alpendre,   suspenso pelas velhas colunas crestadas, crestadas como a cor das telhas,   entendia-se e avançava sobre o beiral do telhado cobrindo a casa e as nossas cabeças. À nossa frente, o teto do mundo, o céu, deixava cair, tempestuoso e simples, seu líquido puro.   O candeeiro assentado no banco de cimento iluminava apenas os rostos de quem eu amava, acendia apenas o necessário. O cheiro do querosene singrava o ar, tocava o frio. A mudez humana justificava-se no repouso dos olhos. Nos ouvidos, a sagração da sinfonia natural das cois

Professora esperança

Sempre que releio o poema “a Flor e náusea” de Drummond avisto-me naquela sala de aula. A lembrança é límpida e forte! Reescuto sua voz abraçando aquelas palavras e soltando-as, como quem liberta algo seu para o mundo. Naquele dia, segurei firme na ponta da carteira e não chorei por fora, mas dentro de mim sentia a pungência de um golpeio. Era o verbo se fazendo carne. Era essa força misteriosa, de densidade e pesos tão individuais, porém humanos, porém comum a todos, sendo s entida em um contexto novo, contexto de injustiças. E o cenário era uma escola pública, uma professora afinando vozes poesia.   Parabéns, mestre Jaécia! Sinto orgulho!   Eu lhe agradeço, como aluna, por ter escolhido a educação que liberta! Pelo olho no olho. Por ver o processo educacional em seu escopo humanizador, emancipatório, de autoreconhecimento e consciência do outro [...], que alimenta nosso “olhar”, nosso “ser” para que vejamos/sintamos/sejamos melhor a vida. Pela coragem de lutar, como devemos faze