paisagens do tempo
Naquela data dormi com a lembrança de um sorrido, desses que a memória engaveta. Bradando de dentro para fora, o sorriso não me foi dado, roubei de alguém e de um espaço. O lugar ofertava resguardo aos que nele acolhiam-se. Era um lar para idosos. Quando chegamos, as paredes, de uma cor cinzenta, me pareceram, de fato, cinzas, um labor de anos, um terreno de brasa, sob um sol crestante. Era o calor. Estava muito, muito quente. As ruas vaporavam. O céu limpo mergulhava no amarelo do sertão, folhas fugiam pelo chão comprido e as árvores, quase todas nuas e sozinhas, derrotavam a manipulação fraca daqueles ventos. O Seridó em versos. Uma aquarela. Adentramos na instituição passando por um longo corredor que nos levou ao primeiro cômodo da ala feminina. As formas materiais comprimiam-se para caber no vão quadrado. Uma janela e um telhado branco grudavam-se à parede em perfeita simetria com a porta. Lembro-me de uma brisa pausada por entre os tecidos da cortina que não inibia uma quen