O barro de que somos feitos.
Nas minhas veias, pessoas, memórias, tempos, espaços. “Um ser humano propõe a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos, povoa um espaço com imagens de províncias, de remos, de montanhas, de naves, de ilhas, de habitações, de instrumentos, de pessoas. Pouco antes de morrer, analisa o labirinto de linhas desenhadas e vê, surpreso, a imagem do teu rosto." – Borges Naquelas noites, os rituais mudavam. O chapéu de palha estava molhado. O alpendre, suspenso pelas velhas colunas crestadas, crestadas como a cor das telhas, entendia-se e avançava sobre o beiral do telhado cobrindo a casa e as nossas cabeças. À nossa frente, o teto do mundo, o céu, deixava cair, tempestuoso e simples, seu líquido puro. O candeeiro assentado no banco de cimento iluminava apenas os rostos de quem eu amava, acendia apenas o necessário. O cheiro do querosene singrava o ar, tocava o frio. A mudez humana justificava-se no repouso dos olhos. Nos ouvidos, a sagração da sinfonia natural das cois