meu verso de amor
No sítio, gostava de me sentar sob a sombra de uma árvore que morava no jardim de um lajeiro. O lugar ficava numa elevação, num ponto quase suspenso. Lá ficava sozinha. Comigo. O mistério do azul pairava sob a aquarela do sertão embaixo dos meus pés. Duas carnaúbas dançavam com o vento e sempre havia um braço de água cintilando no horizonte, como se fosse uma estrada. Tudo entrava para os meus olhos. Árvores, ventos, cores, águas, pedras, canções da natureza... Eu não sentia medo nem por um instante. Penso hoje (racionalizando o que não devia) que a poesia que passa a nos habitar – ou que despertamos em nós – vem aos poucos. Vem num conjunto silencioso de atos de encontro com o belo, com a beleza. Você foi a primeira pessoa que levei à quele lugar. Naquela tarde, as coisas estavam molhadas, em orvalho. As garças desciam no brejo que nem brisas. Cada flor estava aberta para a primavera do dia. E choveu.. Choveu na tarde e no pôr-do-sol. Choveu no nosso beijo e no seu sorriso. Chov